terça-feira, 31 de agosto de 2010

Jornal do Brasil - Rio - A nova fase digital do Jornal do Brasil

O JB, a partir de hoje, não mais terá versão impressa. O mais interessante é que o jornal, criado em 1891, sempre foi um inovador. Eu gostei especialmente das razões para a decisão tomada. Lembro que nenhuma decisão de negócios é fácil e que, demonstrando um direcionamento estratégico desses, é ainda mais complexa. Só saberemos se foi boa bem depois; se der resultado dirão que foi uma taca de gênio e demonstrou alinhamento com os novos tempos; se não der resultado, dirão que foi precipitada e mal planejada...

Seguem as razões expostas para nosso aprendizado (e curiosidade):

Jornal do Brasil - Rio - A nova fase digital do Jornal do Brasil

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A LENDA DE JOHNNY LINGO – Patricia McGerr

Mais uma para a série O Que Realmente Importa.
Esta é uma história famosa de um jovem chamado Johnny Lingo. Eu vou postar porque exemplifica como você pode mudar a vida de outra pessoa - PARA MELHOR - dando a ela um valor que ela ainda não reconhece que tem. Isto é algo que sempre almejo no convívio com amigos e colegas mas devo confessar que ainda tenho muito a desenvolver.

Também me leva a querer ajudar minha filha a compreender que não deve rotular seus amigos pois isto pode funcionar para prejudicar as pessoas. Quem não se lembra de um menininho de sua infância que foi rotulado de pestinha, de não ter medo de nada e por aí vai, depois se tornando um adolescente e adulto desequilibrado? Ou rotulado de burro e aceitando isto como verdade?

Pois bem, segue a história de Johnny Lingo e suas oito vacas!

Quando viajei de vapor para Kiniwata, uma ilha no Pacífico, levei um caderno de anotações. Ao voltar, trazia-o cheio de descrições da flora e da fauna, dos costumes e trajes nativos. Mas a anotação de que mais gosta é a que diz: “Johnny Lingo deu oito vacas ao pai de Sarita.” Lembro-me dela sempre que vejo uma mulher humilhando o marido ou uma esposa murchando por causa do desprezo do seu cônjuge. Sinto vontade de dizer-lhes: “Vocês deviam saber por que Johnny Lingo pagou oito vacas pela esposa’
Johnny Lingo não era seu nome verdadeiro. Mas assim o chamava Shenkin, o gerente da casa de hóspedes em Kiniwata. Shenkin vinha de Chicago e tinha o hábito de americanizar os nomes dos ilhéus. Mas muita gente chamava johnny desse jeito. Se eu quisesse passar alguns dias na ilha vizinha, Nurabandi, Johnny me levaria. Se quisesse pescar, ele me mostraria o lugar ideal. Se buscava pérolas, ele conseguiria as melhores barganhas. Embora todos em Kiniwata se referissem a Johnny Lingo com grande respeito, ao mesmo tempo falavam dele com um sorriso meio zombeteiro.
— Peça a Johnny Lingo para ajudá-la a encontrar o que deseja e deixe-o pechinchar — aconselhou-me Shenkin. — Johnny sabe fazer negócios.
Um menino sentado por perto morreu de rir:
— Johnny Lingo! — repetiu.
Fiquei intrigada:
— O que é que há? Todos me mandam procurar Johnny Lingo e depois dão risada. Qual é a graça?
— Oh, as pessoas gostam de rir -- disse Shenkin, dando de ombros. — Johnny é o rapaz mais inteligente das ilhas e, para a idade, o mais rico.
Continuei sem entender:
— Mas se ele é como você disse, qual o motivo do riso?
— Só uma coisa — Shenkin respondeu. — Há cinco meses, no festival de outono, Johnny veio a Kiniwata e encontrou uma esposa. Pagou ao pai da moça oito vacas.
— Deus do céu! — não pude deixar de exclamar.
Duas ou três vacas comprariam uma esposa de bonita a média, e quatro ou cinco, uma mais do que satisfatória.
— Não é feia — admitiu Shenkin, com um sorrisinho. — Mas os mais caridosos diriam que Santa é sem graça. Sam Karoo, o pai, tinha medo de que ela ficasse encalhada.
Não pude deixar de me espantar:
— E aí recebeu oito vacas por ela? E por que você a acha sem graça?
Shenkin sorriu de novo:
— Eu disse que seria caridade chamá-la de sem graça. Era magrela. Andava com os ombros caídos e a cabeça baixa. Tinha medo da própria sombra.
Bem, acho que não há explicação para o amor — concluí.
— Os aldeões riem quando falam de Johnny — Shenkin continuou. — Sentem uma satisfação especial pelo fato de o comerciante mais esperto ter sido enrolado pelo burro do Sam Karoo. Imagine que os primos de Sam lhe disseram para começar pedindo três vacas e fincar pé em duas até ter certeza de que Johnny pagaria apenas uma. Aí Johnny procurou Sam Karoo e disse: “Pai de Santa, eu lhe ofereço oito vacas por sua filha.”
— Oito vacas — murmurei. — Eu gostaria de conhecer esse Johnny Lingo.
Eu queria peixe. Queria pérolas. Assim, na tarde seguinte, aportei com meu barco em Nurabandi. E notei, ao perguntar onde ficava a casa de Johnny, que o nome não provocava sorrisos zombeteiros nos ilhéus. Quando o rapaz esbelto e sério me recebeu com graça em sua casa, fiquei contente ao ver que sua própria gente o respeitava. Sentamos e conversamos.
Quando ele soube que eu vinha de Kiniwata, perguntou:
— Falam de mim naquela ilha?
—Dizem que o senhor me ajudará a conseguir qualquer coisa que eu queira — respondi.
Seu sorriso foi delicado:
— Minha esposa é de Kiniwata. Falam dela?
— Um pouco — tive que admitir.
A pergunta seguinte me pegou de surpresa:
— O que dizem?
— Disseram que o senhor se casou durante a festa de outono — tive que responder. Johnny continuou sorrindo. — Também dizem que o acordo de casamento foram oito vacas. Fiz uma pausa. — Eles se perguntam por quê.
— Eles perguntam isso? — Seus olhos brilharam, cheios de prazer. — Todo mundo em Kiniwata sabe a respeito das oito vacas? — Assenti com a cabeça. Ele prosseguiu: — Em Nurabandi todos também sabem. — Seu rosto encheuse de satisfação. — Daqui para a frente, sempre que falarem de acordos de casamento, lembrarão que Johnny Lingo pagou oito vacas por Santa. Ali estava a resposta, pensei — vaidade.
Então eu a vi. Ela entrou na sala e colocou flores sobre a mesa. Ficou parada um instante, sorriu para o rapaz ao meu lado e tornou a sair. Era a mulher mais bonita que eu já vira. A postura ereta, a inclinação do queixo, o brilho nos olhos, tudo demonstrava a consciência de um orgulho a que tinha direito.
Ao voltar-me para Johnny Lingo, ele me olhava.
— A senhora a admira? — ele perguntou.
— Ela... ela é gloriosa — eu disse.
— Só existe uma Santa — ele afirmou sereno. — Talvez seja diferente da descrição que lhe fizeram em Kiniwata.
— Muito diferente fui sincera. — Me disseram que ela era sem graça e que o senhor se deixou tapear por Sam Karoo.
Um sorriso deslizou por seus lábios:
— A senhora acha que oito vacas foi demais? — perguntou.
— Claro que não, mas como é que ela pode estar tão diferente? — não pude deixar de dizer.
— A senhora já pensou — ele perguntou — o que deve significar para uma mulher saber que o marido pagou o mais baixo preço para comprá-la? Quando as mulheres conversam, elas se gabam do que o marido pagou por elas. Uma diz quatro vacas, outra, talvez seis. Como se sente a mulher vendida por uma ou duas? Isso não podia acontecer com a minha Santa.
— Então, o senhor fez isso só para fazê-la feliz?
Então, ele olhou para mim, sério:
— Sim, eu queria que Santa ficasse feliz. Mas queria mais do que isso. A senhora diz que ela está diferente. É verdade. Muitas coisas são capazes de mudar uma mulher. Coisas que acontecem por dentro, coisas que acontecem por fora. Mas o que mais importa é o que ela pensa sobre si mesma. Em Kiniwata, Santa achava que não valia nada. Agora sabe que vale mais do que qualquer outra mulher das ilhas.
— Então o senhor queria... — manifestei espanto. Ele prontamente afirmou:
— Eu queria me casar com Santa. Eu a amava, e a nenhuma outra.
Comecei a compreender:
—Mas...
Ele concluiu suavemente:
— Mas eu queria uma mulher de oito vacas.
Uma das definições de liderança que sempre usei em todos esses anos:”Liderar é comunicar o valor e o potencial das pessoas com tanta clareza que as inspiro a vê-los nelas mesmas.” Todo ser humano, do berço à sepultura, reage positivamente ao respeito. Reage às pessoas que vêem o que há de bom nele e trazem à tona o seu potencial.

terça-feira, 30 de março de 2010

O que realmente importa? 1

No meu último post perguntei "Qual a força que dirige sua vida?". A partir de hoje, vou postar semanalmente uma série intitulada O Que Realmente Importa.

Esta série é baseada em histórias conhecidas por muitos, por artigos que vou tirar de sites interessantes e também em outras fontes de informação como vídeos, livros, músicas e boas conversas com amigos.

A historinha de hoje é bem conhecida, mas é de uma reflexão profunda. Mes responda aí: O que realmente importa para você? A resposta deve ser com ações e não com palavras.

"Um dia, Pedro foi se queixar com a mãe:

- Por que meu pai não brinca comigo?

- Seu pai é um homem muito ocupado, o tempo dele é muito precioso – respondeu ela. A criança foi para o quarto, muito pensativa. Pegou o cofrinho e foi contar quanto havia economizado de sua mesada. Adormeceu, chorando de saudade do pai.

Mais tarde, ele acordou com a chegada do Sr. Rafael e correu para encontrá-lo:

- Papai, é verdade que o seu tempo é muito precioso?

- É verdade – disse, desviando o olhar do filho.

- Quanto custa uma hora do seu tempo? – O Sr. Rafael disse que não sabia. O pequeno Pedro insistiu para obter uma resposta até que o pai perdeu a paciência e brigou com ele. Com medo, voltou para o quarto.

Depois que esfriou a cabeça, o Sr. Rafael refletiu sobre a maneira como havia tratado o pequeno e foi até o quarto do filho. Como viu que o garoto ainda estava acordado, o pai tenta um diálogo:

- Você ainda quer saber quanto eu ganho por hora?

O menino balançou a cabeça afirmando que sim.

O pai estufou o peito e suspirou fundo. Parecia que a atmosfera do quarto trazia-lhe o ar da satisfação, de enfim dizer ao seu filho o valor do pai que ele tinha.

- Eu ganho 300 reais por hora.

O menino levou um susto, mas animou-se o suficiente para pedir:

- O senhor pode me emprestar 100 reais?

Para continuar impressionando o filho, o pai entregou-lhe o dinheiro. Curioso, perguntou:

- Posso saber pra quê?

O garoto puxou um bolo de notinhas enroladas, de debaixo do travesseiro.

- Eu já consegui juntar 200 reais, mais estes 100 que o senhor me emprestou, dá 300. Agora o senhor pode me vender uma hora do seu tempo, pra brincar comigo?"

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Qual a força que dirige sua vida?


Todo e qualquer indivíduo tem sua vida dirigida por algo.
Neste exato momento, você pode estar sendo dirigido por um problema, por pressão ou por um prazo limitado. Você pode estar sendo dirigido por uma lembrança dolorosa, um temor pungente ou uma crença inconsciente. Existem centenas de circunstâncias, valores e emoções que podem dirigir sua vida. Eis aqui cinco dos mais comuns:

Muitos são dirigidos pela culpa. Tais pessoas passam a vida inteira fugindo do remorso e ocultando sua vergonha. Pessoas dirigidas pela culpa são manipuladas por suas lembranças. Elas permitem que seu passado controle seu futuro. Elas freqüentemente culpam a si mesmas por sabotarem o próprio sucesso.
A maioria das pessoas hoje em dia segue perambulando pela vida, sem propósito.

Muitos são dirigidos pelo rancor e pela raiva. Eles se apegam a mágoas, sem jamais superá-las. Em vez de aliviarem sua dor através do perdão, revivem-na continuamente em sua mente. Algumas pessoas dirigidas pelo rancor “se fecham” e interiorizam sua raiva, enquanto outras “explodem” sobre os outros. Ambas as reações são perniciosas e não trazem nenhum benefício.
O rancor sempre machuca mais a você que a pessoa que trouxe tal indignação. Enquanto aquele que o ofendeu provavelmente esqueceu o insulto e seguiu com sua vida, você continua angustiado em sua dor, perpetuando o passado.

Muitos são dirigidos pelo medo. Seus temores são provavelmente o resultado de experiências traumáticas e de expectativas ilusórias, do crescimento em um lar extremamente severo ou mesmo de predisposição genética. Independentemente do que tenha causado tal situação, pessoas dirigidas pelo medo com freqüência perdem grandes oportunidades por terem medo de correr riscos. Em vez disso, elas se comportam de maneira cautelosa, evitando riscos e tentando manter a situação vigente.

Muitos são dirigidos pelo materialismo.
Seu desejo de adquirir se torna o único objetivo na vida. O impulso de sempre querer mais se baseia no conceito errôneo de que ter mais me tornará mais feliz, mais importante e mais protegido. Mas os três pensamentos são falsos. Posses somente trazem felicidade temporária. Uma vez que as coisas não se modificam, acabamos nos entediando e então passamos a desejar modelos mais novos, maiores e melhores.

Muitos são dirigidos pela necessidade de aprovação. Eles permitem que as expectativas dos pais, esposas, filhos, professores ou amigos controlem sua vida. Muitos adultos ainda tentam ganhar a aprovação de pais que nunca estão satisfeitos. Outros são dirigidos pela pressão social, sempre preocupados com o que os outros poderiam pensar. Infelizmente, os que seguem a multidão acabam normalmente perdidos nela. Não conheço todas as chaves do sucesso, mas uma chave para o fracasso é tentar agradar a todos.

Adaptado de Purpose Driven Life, de Rick Warren

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O que estou lendo

Atualmente, estou lendo os seguintes livros:
  1. Investindo em Ações no Longo Prazo – Jeremy Siegel
  2. O Lobo de Wall Street – Jordan Belfort
  3. O Que Atraiu Warren Buffett – Barnett Helzberg
  4. Coaching para Performance – John Whitmore
  5. Purpose Driven Life – Rick Warren

    Eu vou terminar o Lobo de Wall Street esta semana.
    O Purpose Driven Life é um livro de reflexões, estou lendo um capítulo por dia, tranqüilo.
    O Que Atraiu Warren Buffet é muito interessante, com princípios de gestão de empresas. Vou continuar lendo.
    Investindo em Ações no Longo Prazo eu vou deixar de lado até terminar os outros.
    Coaching Para Performance eu vou estudar pois é para o MBA. Mas vou fazer uma leitura didática.

    Eu não gosto de ler mais do que 2 livros ao mesmo tempo. Sempre leio um de negócios, um de religião e o estudo diário da Bíblia. Não conto o estudo da Bíblia como leitura acima, mas eu leio todo dia.

    Espero diminuir a quantidade de livros com o plano acima.
    Sds

Artigo de J.R. Guzzo na Veja sobre Saneamento e Meio Ambiente

J. R. Guzzo
Fim do mundo

"Antes de ter um problema ecológico, o Brasil tem um problema sanitário; nossa verdadeira tragédia ambiental é o fato de que 50% da população não dispõe de rede de esgotos"

Estaria o mundo de hoje, e o Brasil junto com ele, se comprometendo com o que pode vir a ser a mais cara, obsessiva e mal informada ilusão científica da história? A humanidade já esteve convencida de que a Terra era plana, e que era possível prever matematicamente a extinção da vida humana por falta física de comida, já que a população cresceria sempre de forma geométrica e a produção de alimentos jamais poderia aumentar no mesmo ritmo; mais recentemente, grandes empresas, governos e ases da ciência digital acreditaram que o "bug do milênio" iria paralisar o mundo na passagem de 1999 para 2000. Não se pode dizer que a crescente convicção de que o planeta sofre hoje uma "ameaça sem precedentes" em toda a sua existência, como resultado direto da "mudança do clima", e particularmente do "aquecimento global", seja exatamente a mesma coisa. Mas às vésperas da abertura da grande conferência da ONU sobre o tema, que reunirá em Copenhague, agora em dezembro, 170 países e cerca de 8 000 cérebros, parece conveniente tentar estabelecer algum tipo de separação entre o que possam ser problemas reais e o que é uma espécie de culto psicótico ao fim do mundo. Previsivelmente, trata-se de tarefa com poucas chances de sucesso.
Há, em primeiro lugar, uma atitude cada vez mais ampla e cada vez mais agressiva estabelecendo que as pessoas têm, obrigatoriamente, de acreditar que o clima está mudando para pior e que a catástrofe é uma perspectiva não apenas indiscutível como iminente; dúvidas não são permitidas. Sair da reunião de Copenhague sem uma solução definitiva para o aquecimento global e as emissões mundiais de carbono "não é uma opção", pregam os organizadores da reunião e um chefe de estado depois do outro; é indispensável achar uma saída, e já, embora não se saiba qual. A ideia geral, em suma, é que o cidadão, ao sair de casa um dia desses, pode sofrer um ataque do efeito estufa e cair morto no meio da rua. A essa insistência em criar uma unanimidade de pensamento se acrescenta uma extensa mistura de mistificação, desinformação, pseudociência, demagogia, charlatanismo, fatos sem confirmação e números cuja veracidade não pode ser certificada. De maneira sistemática, fotos de terra rachada pela seca, que o Nordeste do Brasil conhece desde o tempo de dom Pedro II, são apresentadas como prova do aquecimento do planeta. O culpado final por tudo é o "consumo".
Políticos, governos e organizações internacionais, em vez de colocarem mais racionalidade no debate, contribuem ativamente para esse impulso crescente de autoflagelação. Um ano atrás, para ficar num exemplo só, a Inglaterra aprovou uma lei pela qual o país terá de cortar em 80% as suas emissões de carbono até o ano de 2050; ninguém faz a menor ideia de como isso vai se passar na prática. (De certo, nesse caso de combate extremado ao aquecimento global, houve o fato de que estava nevando no exato momento em que o Parlamento votava a lei - a primeira vez que nevou em Londres, num mês de outubro, nos últimos 74 anos.) Globalmente, verbas cada vez mais prodigiosas são anunciadas para salvar o planeta: 100 bilhões de dólares por ano em 2020, segundo cálculos de economistas que estarão presentes em Copenhague, ou até 1 trilhão - diferença muito reveladora da seriedade dessas contas todas. A maior parte desse dinheiro, segundo os discursos, deverá ser empregada para ajudar os países pobres a participar do combate ambiental e para que Brasil, Índia ou China sejam compensados das despesas que terão para deixar de ameaçar o mundo com o seu desenvolvimento.
A conferência de Copenhague tende a refletir, basicamente, um conjunto de neuroses, fantasias e necessidades políticas que se ligam muito mais aos países ricos do que à realidade brasileira; a agenda central é deles, com seus números, seus cientistas e até sua linguagem. O Brasil, em vez de reagir ao debate dos outros, faria melhor pensando primeiro em seus interesses. Para isso, precisaria saber o que quer. Parece bem claro que o país, antes de ter um problema ecológico, tem um problema sanitário; nossa verdadeira tragédia ambiental é o fato de que 50% da população não dispõe de rede de esgotos, ou de que dois terços dos esgotos são lançados nos rios sem tratamento nenhum. Na Amazônia, onde há o maior volume de água doce do mundo, a maioria da população não tem água decente para beber. Nas áreas pobres das cidades o lixo não é coletado - acaba em rios, represas ou na rua.
A questão ecológica real, no Brasil, chama-se pobreza.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dados sobre o Saneamento Básico no Brasil

COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTO

- Apenas metade da população brasileira conta com serviço de esgoto e somente 1/3 do esgoto gerado no País recebe tratamento adequado. O que não é coletado e tratado é despejado diretamente no Meio Ambiente, em rios, lagos, mares e mananciais.

- 11% das faltas do trabalhador, sem acesso a coleta e tratamento de esgoto e demais serviços de saneamento básico, estão relacionadas ao problema
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/FGV

- Crianças que não têm acesso aos serviços de saneamento básico apresentam redução de18% no aproveitamento escolar
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/FGV

- 31% da população das maiores cidades brasileiras não sabem o que é Saneamento Básico.
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- Apesar dos dados da SNIS (Ministério das Cidades) indicarem que 69% da população não têm acesso a esgoto, 77% das pessoas acreditam que estão ligadas à rede pública. Essa percepção é maior nas cidades do Sul (87%) e do Sudeste (84%). "Como os dados oficiais indicam que esta porcentagem é menor, percebe-se que cerca de 8% não possuem de fato o serviço, ou seja, acreditam que o esgoto de seu domicílio é conduzido à rede municipal, quando na verdade não é", afirma Raul Pinho, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- 1 em cada 5 domicílios (20%) das maiores cidades brasileiras declara que não está ligado à rede pública.
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- Um terço da classe D/E das maiores cidades brasileiras (32%) não dispõe de acesso à rede pública, proporção que passa para um quinto (21%) dentro da classe C, e para cerca de um em cada 10 domicílios (9%) da classe A/B.
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- Em relação à escolaridade dos que não têm acesso à rede de esgoto, 23% estudaram somente até o Ensino Fundamental, 17% possuem o Ensino Médio e apenas 10% cursaram o Ensino Superior.
28% da população das maiores cidades brasileiras desconhece o destino do esgoto da cidade e 22% acredita que o esgoto vai para uma estação de tratamento.
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- 84% da população das maiores cidades brasileiras vincula o acesso ao serviço de esgoto com a melhora de sua qualidade de vida
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- 68% da população das maiores cidades brasileiras acredita que a responsabilidade dos serviços de saneamento básico é do prefeito
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- 61% da população das maiores cidades brasileiras revelam que nas promessas de campanha política das últimas eleições 61% dos candidatos não se mostraram preocupados com o tema saneamento básico. Essa percepção é maior na periferia (68%), em cidades do Norte e do Centro-Oeste (67%) e pelos que não estão ligados à rede (67%).
Fonte: Pesquisa Trata Brasil/IBOPE

- Cerca de 80% do esgoto produzido no país não recebe nenhum tipo de tratamento e é despejado em lagos, rios, mares e mananciais.
Fonte: Associação Brasileira de Entidades do Meio Ambiente (Abema)

- Cerca de 40 milhões de brasileiros (21,4% dos domicílios) ainda utilizam as obsoletas fossas sépticas.
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2005.

- Cerca de 40 milhões de brasileiros (21,4% dos domicílios) ainda utilizam as obsoletas fossas sépticas.
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2005.

IMPLICAÇÕES NA ÁREA DA SAÚDE

- Na última década, cerca de 700 mil internações hospitalares ao ano foram causadas por doenças relacionadas à falta ou inadequação de saneamento.
Fonte: Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e Sistema Único de Saúde (SUS)

- 65% das internações em hospitais de crianças com menos de 10 anos são provocadas por males originados da deficiência ou da inexistência de esgoto e água limpa.

- Sete crianças morrem todo dia no País, em decorrência de diarréia. Por ano, são mais de 2.500 crianças menores de cinco anos vítimas da doença que prolifera em áreas sem saneamento básico.
Fonte: Fundação Nacional da Saúde (Funasa)

- 60% da ausência de crianças de zero a seis anos em creches e salas de aula devem-se a doenças relacionas com a falta de saneamento.
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2006.

- Cerca de 46 mil pessoas morreram de doenças infecciosas e parasitárias em 2004, o equivalente a 3.833 pessoas por mês, 126 por dia.
Fonte: Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde

- Cerca de 46 mil pessoas morreram de doenças infecciosas e parasitárias em 2004, o equivalente a 3.833 pessoas por mês, 126 por dia.
Fonte: Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde

- A esquistossomose atinge de 4 a 6 milhões de pessoas no Brasil.
Fonte: Carlos Graeff Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Parasitologia.

- Os gastos anuais do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento de doenças ligadas à falta de higiene chegam a 300 milhões de reais.
Fonte: Sistema Único de Saúde (SUS)

EXPECTATIVA DE VIDA

- Para cada ponto percentual de aumento da cobertura de esgoto sanitário, a expectativa de vida aumenta 0,18 ano.
Fonte: A Construção do Desenvolvimento Sustentado FGV - SP para a União Nacional da Construção - agosto 2006

• Crianças até seis anos de idade sem acesso à rede de esgoto têm 32,46% de chances maiores de morrerem. As chances de mortalidade infantil cai 4,7% para aqueles com acesso. As chances de caçulas homens morrerem é 36% maior do que a das meninas caçulas.

• A taxa de mortalidade de crianças até seis anos, no período de 1995 a 1999, era de 3,75% entre a população que não possuía acesso à rede de esgoto, e de 2,35%, entre a população que possuía. Entre 2001 e 2006, os números são de 2,89% e 2,25%, respectivamente.

INVESTIMENTOS

- O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo Governo Federal no início de 2007, prevê gastos na ordem de R$ 40 bilhões na área de saneamento até 2010, o que viabilizaria os investimentos exigidos pela universalização do saneamento durante o período de sua implementação.
Fonte: Ronaldo Seroa da Motta; Saneamento, Renda, Saúde e Subsídios no Brasil;

- Para universalizar o saneamento no Brasil é necessário aplicar cerca de R$ 11 bilhões por ano até atingirmos um total de R$ 220 bilhões.
Fonte: FGV

- R$ 1 milhão investido em obras de esgoto sanitário gera 30 empregos diretos e 20 indiretos, além de empregos permanentes quando o sistema entre em operação.

- Com investimentos de 11 bilhões por ano, serão gerados 550 mil novos empregos.

- Os investimentos brasileiros em saneamento básico representam hoje apenas 0,22% do Produto Interno Bruto (PIB).

• Cada R$ 1 investido em saneamento gera economia de R$ 4 na área de saúde

- Seria necessário aplicar 0,63% do PIB ao ano para que todos tivessem acesso ao tratamento e à coleta de esgoto no país.
Fonte: Ministério das Cidades